sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Ilhéus; doce e linda cidade de Ilhéus.


Fui conhecer Ilhéus por culpa do Jorge Amado... Gosto muito de ler Jorge Amado. Independente de suas posições ideológicas. “Terras do Sem Fim”, um romance que tocou fundo no meu coração... “Capitães da Areia”...: mais de 800 “capitães” foram devidamente incinerados, considerados que foram de propagar o “Credo Vermelho”; isto nos idos de novembro de 1937. Na época da “Intentona Comunista”. Não sei se o Jorge Amado morreu alinhado com esses nossos comunistas tupiniquins...

Mas vamos deixar um pouco de lado esse negócio de só ficar falando em política; de só ficar metendo o pau na dona Dilma, e lembrar os meus velhos tempos na minha querida Força Aérea Brasileira...

Uma vez, faz é tempo, chegamos à bela Ilhéus para o pernoite, bem em cima da hora do término das aulas de um colégio só de "meninas", que ficava bem próximo ao aeroporto. Antes do pouso fizemos algumas estonteantes passagens baixas sobre a cidade, avisando da nossa chegada... Pousamos; o aeroporto fervilhava de “normalistas lindas”, que apreciavam as passagens baixas que também fizemos sobre a pista de pouso. Alegria geral e descontraída.

Combinei antes de sairmos do avião que o Bianchi, que fazia parte da tripulação, descendente de italiano, figura “muito bem apessoado” -- deixaria de ser “Capitão-Capelão”, para ser “Capitão--Aviador”... O Alcântara (grande piloto de C-47, ótimo amigo; infelizmente faleceu logo depois, num trágico acidente com um Xavante, em Natal) passaria a ser “Capitão-Capelão”... O Alcântara assumiu perfeitamente suas "novas funções" (trocou a asinha pela cruz no macacão de voo). E o Alcântara orava, rezava e benzia, e benzia, rezava e orava fazendo o sinal da cruz na testa das meninas; um perfeito Cardeal... Mas tudo dentro do maior respeito, tudo na maior brincadeira; tudo na maior gozação.

Logo chegava ao aeroporto um simpático senhor dirigindo seu enorme carrão vermelho, doido pra puxar conversa conosco. Dizia-se dono de um grande comércio de cacau, e que era muito rico e tal e coisa e coisa e tal...  Ficou acertado que ele viria nos buscar à noite para uma boa “moqueca de peixe”, com muito uísque, cerveja, cachaça e viola para quem quisesse e algumas lindas garotas para alegria do nosso pernoite...  “Uma festinha” que iria nos oferecer, na sua bela mansão, bem em frente ao mar... -- Dizia-nos que sua maior frustação na vida era não ter sido aviador da FAB e que sua maior ambição era poder pilotar um avião particular, que pretendia comprar. Rico tem dessas coisas... -- Eu, admirado, só fazia dizer que a minha maior ambição era um dia chegar também a ser rico... – Um pouco rico e nada mais... -- Eu estava mesmo era bolando uma “grande jogada” para alegrar nosso pernoite...

Não deu outra; numa linda noite negra apagada, mas estrelada, lá estávamos nós, alegres e satisfeitos, numa espécie de "Casa de Irene", bem em frente ao mar, comendo e bebendo do melhor. Foi quando o Bianchi, depois de umas e outras, (ótima pessoa, um grande amigo; um santo Capelão o Bianchi) me perguntou:- - E agora, Major Maciel, eu sou o quê, qual o meu papel neste teatro estrelado em frente ao mar? -- Eu respondi sério, mas em tom de gozação:- - Ora, ora, ora Bianchi, você é nosso bom e santo Capelão... -- Faça o que lhe mandar fazer o seu manso, doce e humilde coração...

Não sei realmente o que aconteceu... Só sei dizer que de repente o Bianchi sumiu, assim como sumiu uma das lindas garotas... -- Dizem que o Bianchi “ensandeceu”, como ensandeceu o Poleá da “Mosca Azul” do Machado de Assis...  Eu e o Alcântara, verdadeiros “românticos do ar”, pegamos do manche e voamos rumo às estrelas... kkkkkkkkkk...

Coronel Maciel. <cel_maciel@yahoo.com.br>