quarta-feira, 21 de outubro de 2015

"Só Louco"!

Minha trajetória na FAB foi sempre pontilhada dos mais pesados CB’s na rota, ou “derrota”. Já fui preso pelo Sarney; quando servia na “Embarcada”, eu, Tenente Novinho, me desentendi com um Capitão Antigão; mandei o mesmo “pra longe” e fui parar mais longe ainda: na minha querida Escola Preparatória de Cadetes do Ar.
Uma vez, eu e o Tenente Tomé Ribeiro Neto -- grande atleta; grande amigo; grande piloto, poucos dias depois faleceu em BQ, num trágico acidente com um T-6 -- decolamos de Barbacena para Congonhas, São Paulo, pilotando o famoso  Beechcraft C-45, mais conhecido  como “Beech-Mata-Sete”. Após alguns minutos de voo, “monomotor”. Regressamos. Era um dia de sábado, e a missão, improrrogável. Deveríamos transportar um casal de professores vindos da França, para uma conferência na Escola, cujo Comandante era o Brigadeiro Camarão, Brigadeiro com “B” maiúsculo, seria tradutor. (O Camarão, além de Francês e outras línguas, falava e escrevia fluentemente o Grego.).
O “Camarão”, que conhecia muito bem o seu “eleitorado”, me chamou para um particular, e disse-me assim:- --“Fura – Bolo”, era assim que ele carinhosamente me chamava, pegue o “Regente” e me traga eles aqui...:- - Mensagem à Garcia, Brigadeiro? -- Ele me olhou, sorriu e confirmou com um sim, com aquela sua cabeça bem branquinha.
Congonhas estava fechado para operações visuais. O Regente, como muitos de vocês bem “conheciam”, era o meu “Caça Qualquer Tempo” rsrsrs . Decolei e pousei em Congonhas, para surpresa geral dos controladores de voo. Veio um oficial muito mais antigo que eu me dizer o óbvio: que eu havia cometido uma grave indisciplina de voo, e que por ordem superior eu estava impedido de decolar. Nessas alturas, com os franceses já a bordo, fiquei na dúvida até onde eu poderia avançar. E avancei, colocando no plano de voo “Operação Militar”! Era o ano de 1967; a Revolução voava alto, iluminando os céus do Brasil!
Encurtando a história:- - Pousei em BQ bem em cima da hora para o início da conferência, para alegria do Brigadeiro. -- Missão cumprida, Brigadeiro! -- Mas... vem "bronca" por aí... Contei-lhe tudo. Ele sorrindo me despreocupou.
Nesse ínterim, eu fui transferido para Natal; e foi lá que eu recebi um "baita" de um "deveis informar". O Coronel Comandante da Base não aceitou minhas risíveis justificativas. :- -"Teje preso"!
Eu estava escalado para uma missão ao Rio, no dia seguinte. O Coronel  não me autorizou, é lógico, pois eu havia recebido “voz de prisão”.  E só depois “muita conversa” deixou-me ir, autorizando também um pouso rápido em BQ. E, lá chegando, após aquele famoso aperto de mão (famoso quebra dedos) e após me ouvir, o Camarão me disse sorrindo:- -- Pode seguir tranquilo, “Fura Bolo”. – Deixe comigo...
Chegando a Natal, o Coronel me olhou assim meio sem jeito, deu última forma na prisão, dizendo que estava “tudo resolvido”.

Não façam ideias erradas de mim. Mas “modéstia à parte”, nas minhas 13 mil horas de voo, quando fiz as mais “incríveis loucuras” - eu nunca dei o mais leve arranhão nos meus mais que queridos e saudosos aviões! E sempre dei este conselho aos meus saudosos alunos de voo:- - Façam o que eu digo, mas nunca  façam o que eu faço... kkkkkkk
Coronel Maciel.

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