Minha trajetória na FAB
foi sempre pontilhada dos mais pesados CB’s na rota, ou “derrota”. Já fui preso
pelo Sarney; quando servia na “Embarcada”, eu, Tenente Novinho, me desentendi com
um Capitão Antigão; mandei o mesmo “pra longe” e fui parar mais longe ainda: na
minha querida Escola Preparatória de Cadetes do Ar.
Uma vez, eu e o Tenente
Tomé Ribeiro Neto -- grande atleta; grande amigo; grande piloto, poucos dias
depois faleceu em BQ, num trágico acidente com um T-6 -- decolamos de Barbacena
para Congonhas, São Paulo, pilotando o famoso Beechcraft C-45, mais conhecido como “Beech-Mata-Sete”. Após alguns minutos de
voo, “monomotor”. Regressamos. Era um dia de sábado, e a missão, improrrogável.
Deveríamos transportar um casal de professores vindos da França, para uma
conferência na Escola, cujo Comandante era o Brigadeiro Camarão, Brigadeiro com
“B” maiúsculo, seria tradutor. (O Camarão, além de Francês e outras línguas,
falava e escrevia fluentemente o Grego.).
O “Camarão”, que
conhecia muito bem o seu “eleitorado”, me chamou para um particular, e disse-me
assim:- --“Fura – Bolo”, era assim que ele carinhosamente me chamava, pegue o “Regente”
e me traga eles aqui...:- - Mensagem à Garcia, Brigadeiro? -- Ele me olhou,
sorriu e confirmou com um sim, com aquela sua cabeça bem branquinha.
Congonhas estava
fechado para operações visuais. O Regente, como muitos de vocês bem “conheciam”,
era o meu “Caça Qualquer Tempo” rsrsrs . Decolei e pousei em Congonhas, para surpresa
geral dos controladores de voo. Veio um oficial muito mais antigo que eu me
dizer o óbvio: que eu havia cometido uma grave indisciplina de voo, e que por
ordem superior eu estava impedido de decolar. Nessas alturas, com os franceses
já a bordo, fiquei na dúvida até onde eu poderia avançar. E avancei, colocando
no plano de voo “Operação Militar”! Era o ano de 1967; a Revolução voava alto,
iluminando os céus do Brasil!
Encurtando a história:-
- Pousei em BQ bem em cima da hora para o início da conferência, para alegria
do Brigadeiro. -- Missão cumprida, Brigadeiro! -- Mas... vem "bronca"
por aí... Contei-lhe tudo. Ele sorrindo me despreocupou.
Nesse ínterim, eu fui
transferido para Natal; e foi lá que eu recebi um "baita" de um
"deveis informar". O Coronel Comandante da Base não aceitou minhas
risíveis justificativas. :- -"Teje preso"!
Eu estava escalado para
uma missão ao Rio, no dia seguinte. O Coronel não me autorizou, é lógico, pois eu havia recebido
“voz de prisão”. E só depois “muita
conversa” deixou-me ir, autorizando também um pouso rápido em BQ. E, lá
chegando, após aquele famoso aperto de mão (famoso quebra dedos) e após me
ouvir, o Camarão me disse sorrindo:- -- Pode seguir tranquilo, “Fura Bolo”. –
Deixe comigo...
Chegando a Natal, o
Coronel me olhou assim meio sem jeito, deu última forma na prisão, dizendo que
estava “tudo resolvido”.
Não façam ideias
erradas de mim. Mas “modéstia à parte”, nas minhas 13 mil horas de voo, quando
fiz as mais “incríveis loucuras” - eu nunca dei o mais leve arranhão nos meus mais
que queridos e saudosos aviões! E sempre dei este conselho aos meus saudosos alunos
de voo:- - Façam o que eu digo, mas nunca façam o que eu faço... kkkkkkk
Coronel Maciel.
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