sexta-feira, 28 de julho de 2017

Voando entre o céu e o inferno.

“Eu (só) queria ter na vida simplesmente/Um lugar de mato verde/Pra plantar e pra colher/Ter uma casinha branca de varanda/Um quintal e uma janela/Para ver o sol nascer... ”
Não tenho essas riquezas todas e tão sonhadas pelo “Gilson”, mas tenho uma rede branca, uma varanda e uma janela, de onde eu posso ver a lua e sol nascer... Às vezes eu fico pensando na vida desses homens “mais ricos do mundo”, pensando assim:  serão eles mais felizes eu? Quando eu pilotava aqueles meus, aqueles nossos velhos aviões, velhos dos tempos da guerra, ficava horas esquecidas aguardando fixos de posições, que não eram tão  fixos como os “fixos GPS” de hoje, pilotando e pensando assim: serão eles, os pilotos daqueles novíssimos, rápidos, modernos aviões do Grupo de Transportes Especiais, transportando as mais altas autoridades, figurões, pelo Brasil e pelo mundo, serão eles mais felizes que eu aqui, na velha cabine desse meu C-47, transportando as mais “baixas autoridades”, “figurinhas”, que vivem esquecidas pelas margens de tantos rios, furos e igarapés, por essa imensa solidão amazônica? Eram índios, eram militares transferidos das mais longínquas fronteiras, missionários, bispos, frades, freiras; freirinhas com seus terços nas mãos, rezando ao lado de papagaios, tartarugas, macacos e os mais lindos “Rouxinóis do Rio Negro”. Não acredito nem em céu nem em inferno. Acredito que o céu para uns, é o inferno para outros, aqui ne terra. Mas faria tudo outra vez...“se possível fosse, meu amor”...
Coronel Maciel.


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