segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Memórias de um "Piloto Hangarado".

Lá longe; lá no Norte do Brasil, tem uma tribo, de índios, “Tiriós”, sendo uns já bem “mansinhos”; mas outros ainda muito bem “desconfiados”, “comandados” por dois frades alemães, onde também havia um pequeno Destacamento de Proteção ao Voo, da FAB. Com certeza os frades já morreram, pois quando lá eu ia e gostava de pernoitar; quando eu ainda era um “garboso” Capitão-Aviador, eles já eram bem velhinhos. A “Floresta Amazônica” é uma floresta onde havia os melhores lugares do mundo para se pernoitar! Pelo menos na visão deste hoje velho “Piloto Hangarado”. Eu sabia que os dois padres alemães, o “Angelicus” e o outro que agora esqueço o nome, gostavam da nossa “Cerpinha”, a milagrosa cerveja dos paraenses. Então eu levava, sempre a bordo do meu corajoso C-47, dúzias dessa verdadeira “felicidade engarrafadas”, quando eles, em troca, me ofereciam dúzias de doses de um também milagroso conhaque alemão. E ficávamos a noite inteira (quase) conversando, e olhando as estrelas de um céu tão sem poluição e tão estrelados, que era difícil distinguir as “Constelações”. Num desses saudosos pernoites, eu já um tanto “melado”, e eles também, eu perguntava: -- Frei Angelicus, o senhor acredita mesmo que há outras vidas no céu? O senhor acredita mesmo em tantas coisas que eu não consigo acreditar? E ele, me olhando de um modo significativo, dizia; -- Acredito, sim! -- A não ser quando certos demônios voadores vêm por aqui “pernoitar’, dando mais uma das suas gostosas gargalhadas.

Coronel Maciel. 

Um comentário:

Anonimo patriota. disse...

Coronel, bons tempos aqueles hein ? A primeira vez que fui a Tirios, na epoca daquela pista de terra, ficamos perdidos pois o vento, como sempre, não era exatamente o que esperavamos. Fazendo a estoria curta, tivemos que fazer o padrao de busca por uns 40 minutos ate achar uma nesga de terreno diferente, a pequena aldeia. Pousamos com pouco combustivel, mas achamos. O sinal do NDB so mostrou as caras depois que avistamos o campo. Depois tinhamos aquela pequena caminhada ate a aldeia em si, quando um daqueles bois com os chifres maiores do que alguns carregam por ai, saiu correndo atras de nos ainda que por pouco. Acho que não gostou dos nossos bonitos e suados macacoes de voo laranja coral. Muitas estorias e muitas aventuras tiveram os que voaram nesse pedaço de Brasil, a Amazonia. As noites eram um espetaculo, como disse, naquelas missoes jesuitas. Tranquilidade. Bons e saudosos tempos...