quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

MARIA BOA; B-26; RAMPA...


Rampa; Maria Boa; B-26...
Ontem, na fila de um Supermercado, uma velhinha assim me falou: -- Mas coronel; que Deus é esse que não vê o que nos está acontecendo, pô? Nunca vi tamanha esculhambação nesta enorme barragem que virou o nosso Brasilzinho! -- Calma, minha senhora; não fique culpando Deus, esse ser todo poderoso que até hoje ninguém viu, nem ninguém sabe quem é, nem como ele é; só sei que ele – como me dizia um antigo caboco filósofo lá das beiradas do meu Igarapé Açu, pertinho de Belém onde eu nasci – planejou, criou e hoje tudo assiste, sentado não sei onde, nem aonde, para divertir sua longa eternidade! Vamos esquecer nossas barragens, e falar de coisas boas; coisas assim: não sei se a senhora frequentou, mas com certeza ouviu falar, na “Mary Gud”, dona de uma famosa e saudosa “Casa de Sufocos”, aqui de Natal. A não ser aqueles mais católicos; aqueles mais fiéis às suas noivas que os aguardavam, ansiosas e “temerosas”, nas frias terras do Sul, pelo término do curso de “Aspirante-Aviador”, lá pelos idos de 63, para poderem logo casar (os “mais afoitos” casavam mesmo como Aspirantes; alguns até quando Cadetes.); a não ser estes, é difícil, muito difícil mesmo, encontrar um velho Coronel, um velho Brigadeiro que não tenha passado algumas horas voando nos céus das “Comissárias de Bordo” do avião azul do castelo da famosa “Mary Good”, mais conhecida como “Maria Boa”, quando nos seus áureos e saudosos tempos de Aspirante. Para os que nunca ouviram falar, Maria Boa era uma bondosa e experimentada cafetina do mais famoso “Puteiro” aqui de Natal, frequentado por deputados, senadores, comandantes, comandados, e outros conhecidos e velhos boêmios de antigamente. Até “padres” iam lá rezar as suas missas! Naqueles nossos bons tempos, Aspirante Aviador mandava e desmandava aqui em Natal. Ou pelo menos pensava que mandava. Éramos os reis da “Cocada Preta”! Nas nossas inocentes lambretinhas, desfilávamos pelas ruas da cidade, apaixonando as mais lindas “potiguares” daqueles nossos velhos e bons tempos. Muitos acabaram caindo nas redes dos seus “milagrosos” encantos! Fui um dos primeiros a comprar uma Lambreta; minha saudosa Lambretinha; depois outros, mais outros, muitos outros; e de tarde, após o término expediente, lá íamos nós em “Voo de Grupo” pelas ruas de Natal, em direção à “Rampa”, onde íamos saborear deliciosas lagostas, acompanhados das mais gostosas “louras geladas”. Às dez horas da noite saia o “Papa Fila”, e logo após, nós, nas nossas lambretinhas, voltávamos “pra casa”, para no outro dia continuar o curso nos saudosos “Bombardeiros Invader B-26”.
Faria tudo de novo, se possível fosse, meu amor...
Coronel Maciel.

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