domingo, 11 de abril de 2021

SE ESTIVER PILOTANDO, NÃO BEBA!

 

Se estiver pilotando, não beba!

Não sei como será o Brasil, e por que não dizer “o mundo”, quando, daqui a uns dez anos, vencido o pandemônio causado pelo maldito vírus chinês, nossos filhos e netos estiverem sofrendo nas mãos dos “chineses”. De modo que vou contar, novamente, pra vocês uma história verdadeira acontecida comigo naqueles meus velhos tempos da “Capitão--Aviador”. Foi assim. Decolamos de Carauari, linda cidadezinha situada nas margens do Rio Juruá. Chovia muito. As freiras, freirinhas, os padres, os índios, índias, pajés; macacos, papagaios, tartarugas, todos com muito medo e cada qual rezando seus mais variados e exóticos tipos de orações. Nunca gostei de ver ninguém rezando “no meu avião”, como se aquilo não fosse o meu mais seguro meio de vida. Fui entrando e falando alto pra todo mundo ouvir: -- Quem for de reza, reze, porque o tempo está como o diabo pediu a São Pedro, pois passarinho está indo pra casa a pé! Estávamos com mais de 50 pessoas a bordo, mas dentro do peso máximo para decolagem. Aqueles passageiros ribeirinhos é que estavam bem abaixo do peso normal desejado. Decolamos, nariz pra cima, até chegar aos dez mil pés, onde alcançamos um topo bem definido.  Estávamos no meio do caminho, entre Carauari e Eirunepé, quando a cabeça de uns dos enormes cilindros voou pelos ares, quase levando a carenagem do motor esquerdo. O meu copila era um tenente novinho, R2, que fazia sua primeira viagem sobre a densa floresta amazônica. Quando ele viu o motor pegando fogo (ele estava do lado esquerdo, na posição de primeiro piloto) ficou então -- “pálido de espanto” -- e, graças a Deus, “desmaiou”, dizendo: -- Nossa mãe; vamos morrer! Foi quando o nosso mecânico de voo correu, abriu sua maletinha, trazendo sua inseparável garrafa de cana, pronta para qualquer emergência, dizendo: Capitão Maciel, já que vamos morrer... Tive que rir, mas “me controlei”... Para encurtar a história: o que seria uma hora de voo transformou-se em duas horas de extremo sufoco, voando baixo, sobrevoando o “Juruá” que é muito, mas muito sinuoso mesmo, pois, pensava eu, se o motor direito pifar, eu me jogo sobre o rio, livrando das daquelas enormes árvores, com mais de dez “andares” de altura, rodeadas de bilhões de mosquitinhos, onças, cobras e jacarés. Conseguimos chegar a Eirunepé já no “lusco-fusco”, quando, acredite se quiser, fui carregado pelos ares como verdadeiro herói pelos incrédulos passageiros! E foi só na hora do jantar oferecido pelo Prefeito da cidade, que estava alegre, risonho e feliz por termos salvo sua família inteira que estava a bordo do nosso heroico C-47; depois de tomar -- agora sim! um copo generoso da “branquinha”, que me foi oferecida pelo nosso “mecânico de voo”, que foi quem realmente me ajudou durante aquele ”inesquecível sufoco”, quando então foi que senti minhas “pernas tremerem”, lembrando da minha mulher e dos meus filhos ainda pequenos que  deviam estar em casa, em Belém do Pará, alegres e brincando, sem desconfiarem de nada ...

Quem escapa de um perigo, ama a vida com máxima intensidade!

Coronel Maciel.

 

 

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