sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

PILOTO DE MINISTRD!

 

                            Piloto de “Ministro”.

Era nos bons tempos da “Ditadura”! Deitado agora na minha rede branca, lembro como se fosse ontem, cumprindo uma missão transportando o Ministro das Comunicações Higino Corsetti, numa longa viagem pelo interior do Norte/Nordeste, naquele grande esforço que fazíamos para melhorar as comunicações por este imenso Brasil, um Brasil que não “falava” com ninguém:-- Nem o Norte com o Sul, nem o Este com Oeste. Acompanhava o Ministro sua digníssima, pois nos muitos municípios onde eram instaladas as torres e linhas de transmissões dos sinais, os Prefeitos também se faziam acompanhar das suas respectivas. Num dos nossos pernoites, foi em Fortaleza, quando fiquei sabendo pelo Ajudante de Ordens do Ministro que no dia seguinte o casal completaria 25 anos de casados. A missão era feita no popular Douglas C-47, vulgo Dakota, equipado com “confortáveis” poltronas.  O meu “copila” era o nosso grande amigo, Tenente Alcântara. Bolamos então um “audacioso” plano que, se desse certo, nos renderia bons frutos. Mandei comprar 25 rosas vermelhas “gigantes” e fizemos um detalhado “briefing” antes da decolagem para Teresina. O Taifeiro de Bordo, muito diferente daquele taifeiro que descrevi no artigo anterior, além ótimo corneteiro e grande amigo nosso, era também um enorme “criolão”, muito aprumado nos seus  vinte palmos de altura, sempre vestido à caráter, num impecável linho branco, orgulhoso da sua nobre profissão. Ele ficaria segurando as rosas; eu entregaria as “vermelhonas” à distinta senhora, e o Alcântara faria o discurso. Voávamos alto, rasante no topo das nuvens, evitando as fortes turbulências. O nosso Dakota, perigosamente voando nas mãos do “Piloto Automático! Acordamos o casal e, à francesa, ofereci as rosas vermelhas. Foi quando, ela, surpreendida, quase chora de tanta  emoção! O Alcântara fez então um dos seus mais emocionantes discursos, contumaz que era “em faltas dessa natureza”. Pois bem; dali em diante demos adeus aos pernoites nos alojamentos dos nossos Destacamentos, passando a pernoitar nos melhores hotéis, comendo do bom e bebendo do melhor. Um dos pernoites foi na minha linda cidade morena Belém do Pará, exatamente no dia do Círio, com o casal apreciando procissão da sacada de um Hotel situado na Avenida Presidente Vargas. A grande procissão mais parecia imensa cobra humana se arrastando pelo chão. Durante vários anos, por ocasião das festas natalinas, recebíamos uma caixa de vinho de uma pequena fábrica que o Ministro possuía, lá  nos seus velhos pampas gaúchos; e um cartão de boas festas assinado pelo simpático casal.

Era nos bons tempos da “Ditadura”...

Coronel Maciel.

 

 

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