Saudades daqueles
nossos velhos tempos.
Aquele verdadeiro
sufoco que passei, e que ontem eu lhes contei, mas só pela metade, deixando muita
gente curiosa de saber mais alguns detalhes, foi um voo muito; mas muito
diferente do realizado pelo “Jatinho do GTE” de Davos para Nova Délhi,
sobrevoando aqueles lindos Alpes Suíços; o meu foi feito num velho, mas heroico
Dakota C-47, sobrevoando o majestoso “Inferno Verde”, onde encontramos milhares
e milhares de Seringueiras gigantescas; bem como Castanheiras maiores ainda; e povoado
dos mais exóticos, venenosos, gulosos e estranhos animais; razão pela qual, voando monomotor, eu
assim me dizia: se o outro motor ”pifar”, eu me jogo no leito do Rio, feito uma
“Catalina”. O Rio Juruá é cheio das mais sinuosas curvas;
as “pessoas a bordo” não eram das mais “altas autoridades”; eram bem baixas:
desde macacos, papagaios, araras e tartarugas; assim como freiras, padres, caboclos
e índios. Decolamos de Carauari debaixo do maior “toró”: chuvas, relâmpagos e
trovoadas; as freirinhas rezando com seus tercinhos nas mãos; nariz pra cima, subimos
para o “topo”, quando quase no meio do caminho ouvimos aquele barulhão; era a
cabeça do cilindro que “voava“, e o pior, os passageiros apavorados correram
perigosamente pra cauda do avião; e foi quando o meu copila, graças a Deus,
amarelou e apagou, deixando tudo na minha mão e da maneira que eu gosto: livre
para minhas decisões; encurtando o caso; voamos duas horas monomotor, e quando
pousamos em Eirunepê, já no lusco-fusco; com o pequeno aeroporto lotado de
parentes das “vítimas”, fui carregado pela pista, considerado um verdadeiro e heroico
Capitão! Fim de papo...
Coronel Maciel.
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