Ases da FAB!
Naquelas tardes chuvosas
em Belém do Pará, minha avó nos deitava na sua grande rede branca, no último
quarto do enorme corredor, vizinho à cozinha, para nos “repetir” suas velhas e
inesquecíveis histórias; algumas delas chegavam mesmo a me meter medo; eram aquelas
que falavam dos castigos dos filhos que desobedeciam aos pais; e eu ficava
pensando e dizendo para mim mesmo, que iria logo me endireitar, pois -- e agora
mesmo, deitado na minha velha e amiga e branca rede branca, eu torno a reconhecer:
-- Eu era mesmo danado; era, pois hoje não sou mais, um verdadeiro “cão
chupando manga”; vivia na rua empinando
papagaio; Jogando bola no meio da rua;
demorando demais durante os banhos, pensando e “homenageando” a “Marta Rocha”,
linda de morrer, nas capas das Revistas da época; mas felizmente consegui me
endireitar, chegando mesmo a ser o que hoje eu sou: um velho piloto “hangarado”,
vivendo de recordações. A rua onde eu morava era a “Reta Final” da pista
principal do Aeroporto Internacional de Val-de-Cans, modéstia à parte, um dos
maiores do mundo! Os “enormes” aviões da época chegavam de tardezinha, vindos
de todas as partes do mundo, para pernoite em Belém; e passavam tão baixos, com
seus flaps e trens “baixados e travados”, roçando
as linhas enceradas dos nossos lindos papagaios, quando eu ficava então olhando
e pensando: um dia eu ainda vou empinar um desses “papagaios”; não deu outra: com
meus 16 anos ingressei na Escola Preparatória de Cadetes do Ar, em Barbacena, dando
partida nos motores que me tornaram “um dos maiores ases” da minha querida
Força Aérea Brasileira!!
Coronel Maciel.
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