domingo, 4 de julho de 2021

RECORDAR É VIVER.

 

Recordar é viver: -- Os Rouxinóis do Rio Negro.

Quantas e quantas vezes, mecânicos, radiotelegrafistas, pilotos, todos juntos; todos nós que fazíamos parte das tripulações dos aviões do Primeiro Esquadrão de Transporte Aéreo sediados na inesquecível Base Aérea de Belém. Pernoitamos nas antigas “Missões Salesianas”, ao longo do majestoso Rio Negro. Após o café da manhã, antes da partida, o piloto comandante era solicitado pela Madre Superiora, “Reitoras das Missões”, a escrever alguma coisa sobre aqueles pernoites; um agradecimento qualquer; uma letra qualquer. Agora mesmo, deitado ne minha velha rede branca, “sonho novamente” lembrando aquele pernoite Jauaretê, uma pequenina pérola situada no extremo noroeste do meu Estadão do Amazonas, numa região conhecida como “Cabeça do Cachorro”, devido à semelhança desenhada pelos limites do Brasil com a Colômbia se parecer com a cabeça de um cachorro. É lá que os “Rouxinóis do Rio Negro” constroem seus ninhos. Com suas penas “mais negras que as asas da graúna”; com aquelas penas douradas que lhes cobrem o papo, eles ficam tão mansos que voam para o mais alto daquelas árvores frondosas, para depois voltar, ao primeiro chamado dos seus donos.Os nossos aviões se assemelhavam àqueles lindos rouxinóis: --Voavam, voavam, voavam bem alto, para depois voltar ao ninho antigo. Alguns não voltavam jamais...

Lembro que naquele dia, a nave americana “Columbia” havia sido lançada ao espaço sem fim. Foi então que eu, aproveitando a “deixa”, escrevi esta saudosa mensagem no famoso “Livro das Freiras”:

“Neste lindo dia, quando a nave Columbia realiza o seu segundo voo orbital em torno da terra, uma outra nave, muito mais velha, mas muito mais querida, estará cruzando os céus amazônicos, transportando em suas asas prateadas as cargas divinas da esperança! Levando as tão esperadas “lembrancinhas de amor”; transportando milagrosos remédios, médicos, dentistas, velhos jornais; velhas revistas que eram distribuídas pelas comunidades ribeirinhas ao longo do Rio Negro, e deste majestoso Rio Uaupés. E, como todo aviador tem sua veia romântico-poética, “solenizei” aquela despedida com versos, “ em cima da bucha”!

“E a nave Columbia, lá do alto, lá do céu,

  Não se cansa de dizer: -- Oh Dakota, meu irmão,

  Que sejas sempre fiel ao Capitão Maciel e sua tripulação”.

 Tudo era motivo para sadias brincadeiras, naqueles velhos tempos sobrevoando a imensa, a linda, a majestosa floresta amazônica!

Coronel Maciel.

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