domingo, 13 de outubro de 2013

Era nos bons tempos da "Ditadura".


Era nos bons tempos da “Ditadura”, e relembro-me transportando o ministro das comunicações Higino Corsetti numa longa viagem pelo interior do norte/nordeste, naquele grande esforço que os “ditadores” faziam para melhorar as comunicações por este imenso Brasil, Brasil que não “falava” com ninguém. Nem o norte com o sul nem o este com oeste. Acompanhava o ministro sua esposa, pois nos muitos municípios onde eram instaladas as torres e linhas de transmissões dos sinais, os prefeitos também se faziam acompanhar das suas respectivas.

Num dos nossos pernoites, foi em Fortaleza, fiquei sabendo pelo ajudante de ordem do ministro que o casal completaria 25 anos de casados, no dia seguinte. A missão era feita no popular C-47, vulgo Dakota, equipado com “confortáveis” poltronas, e o meu “copila” era o meu grande amigo tenente Alcântara. Bolamos então um “audacioso” plano que, se desse certo, nos renderia bons frutos.

Mandei comprar 25 rosas vermelhas “gigantes” e fizemos um cuidadoso “briefing” antes da decolagem para Teresina. O taifeiro de bordo, também um ótimo corneteiro, era um “criolão” rsrs muito bem aprumado nos seus negros dois metros de altura e todo vestido de branco, orgulhoso da sua nobre profissão (a bordo todos nós somos iguais...).  Ele ficaria segurando as rosas; eu ofereceria as “vermelhonas” à simpática senhora, e o Alcântara faria o discurso.

Voávamos bem alto, no topo das nuvens, evitando as fortes turbulências.  O piloto automático “perigosamente” ligado.  Acordamos o casal e ofereci as 25 rosas vermelhas (foi quando ela quase chora de emoção...). 

O Alcântara então “abriu o verbo”, contumaz que era “em faltas dessa natureza”. Pois bem; dali em diante demos adeus aos pernoites nos alojamentos dos nossos pobres Destacamentos, passando a pernoitar nos melhores hotéis, comendo do bom e bebendo do melhor. Um dos pernoites foi em Belém, exatamente no dia do Círio, um dia como hoje, com o casal apreciando procissão -- vagarosa, parecendo imensa cobra humana se arrastando pelo chão -- da sacada do hotel na Avenida Presidente Vargas.

E durante vários anos, por ocasião das festas natalinas, eu recebia uma caixa de vinhos de uma pequena fábrica que o ministro possuía, lá pras bandas dos pampas gaúchos. E um cartão de boas festas assinado pelo simpático casal.

Era nos bons tempos da “ditadura”

Coronel Maciel.

 

Nenhum comentário: