quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Histórias "véias" deste "véio" Coronel-Aviador.


(A mocidade tem cura... e os amores são como sonhos: chegam sem ser esperados...)

São historinhas “água com açúcar” essas minhas; mas às vezes amargas como lágrimas. O Peixoto de Melo era um Tenente-Aviador-Padrão!  Calças sempre vincadas; sapatos engraxados; barba e cabelo à moda cadete. Disciplinado e disciplinador, repetindo os “jargões” muito usados nas fichas de conceito remetidas para a famosa Comissão de Promoção de Oficiais -- CPO. Era o Oficial de Operações do 1/5 Grupo de Aviação.

Capim Macio naqueles tempos não tinha nada; só umas simples casinhas próximas do stand. Hoje, não! Hoje Capim Macio tem tudo “e de tudo”. O trânsito, infernal; “pirulitões” de vinte andares por todos os lados. Como bairro cresceu. Havia uma pequena pista que era utilizada pelos aviões do Aeroclube; depois, utilizada como Stand de Tiro, para treinamento das tripulações de B-26 e T-6; hoje, é pista de Aeromodelismo.

 Um dia, e lá se vão muitos e muitos anos, decolaram para uma missão de Tiro em Alvo Terrestre (TT), o Peixoto de Melo e o tenente Schimdt (Schimitão, como carinhosamente era chamado; se não me engano, era “zero um” de turma) e o mecânico de voo, cujo nome não me recordo agora, mas que foi protagonista de outros acidentes nos B-26.

 Não sei qual foi o “imbecil” que resolveu instalar próximo à chave geral dos magnetos, outra chave, a "Gun/Camera" que, por medida de segurança contra disparos no "sereno", era desligado e só deveria ser ligado na inicial do tiro e com o alvo no visor. Havia algumas casas de pescadores nas proximidades do stand e muitos jangadeiros no mar, na direção da “recuperação”.  A “G/C” desligava o circuito elétrico das metralhadoras. Logo após o tiro, o circuito era desligado, como medida de segurança, durante as pernas do circuito.

Numa dessas recuperações foi desligado -- não a chave das metralhadoras, mas sim a chave geral dos magnetos -- provocando a perda imediata e total dos motores. Fico a imaginar o drama dos pilotos, durante os procedimentos de emergência, sem tempo útil para pesquisa daquela inusitada parada de ambos os motores.

 O mecânico ainda teve tempo de se "livrar" do macacão de voo e dos butis; os pilotos, não. Fizeram o pouso no mar, na praia de Areia Preta, sob a vista de centenas de banhistas, que não puderam socorrê-los. Ficaram sobre as asas do avião, acenando por socorro, enquanto o avião afundava, afundava e afundava; e afundava com ele, os pilotos. O mecânico salvou-se. 

Dizem que em aviação só o perfeito é aceitável. Para mim, e para todos que os conheciam, aqueles dois perfeitos oficiais-aviadores eram pilotos perfeitos!

Coronel Maciel.

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