sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Tráfico de drogas.


Estávamos nos idos dos anos 80, fazendo uma "PURUÁ", “simbiose” das linhas Purus e Juruá. Aguardávamos uma troca de cilindro no "meu" possante C-47, na cidade de Eirunepé, uma pequenina pérola situada do sinuoso Rio Juruá.

 No dia anterior, acontecera um trágico acidente aéreo em Tabatinga, com um avião comercial. Alguns dos sobreviventes residiam em Eirunepé. Seus familiares e parentes me pediam, desesperados, para levá-los ao local do acidente.  Não havia previsão para o término do serviço de troca do cilindro. Mas, estacionado no pátio, encontrava-se um monomotor novinho em folha, aguardando não sei o quê para decolar. Ali estava a solução do problema.

Indaguei do piloto sobre a possibilidade de fazer aquela missão humanitária. Negativas, desculpas esfarrapadas, e tal e coisa e coisa e tal, e com o prefeito oferecendo elevada quantia pelo serviço. Mas nada de pelo menos comover o piloto.  Comecei a desconfiar. (As aparências não me enganam...) Para encurtar a história: depois de muito “zum-zum-zum”, correu um “bizu” dizendo que o avião poderia estar transportando drogas. Não deu outra; descobrimos duzentos quilos de pasta de cocaína escondidos no piso do avião.

Novembro de 2013. A família do senador Zezé Perrella (PDT-MG) vai perder o helicóptero Robinson R66, flagrado com 442 kg de cocaína. O piloto era empregado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, sob os auspícios do deputado estadual Gustavo, também “Perrella”, muito jovem ainda: 28 anos. O pagamento do “querosene” que reabastecia o “Robinson R66” era feito com verba indenizatória da Assembleia Legislativa, para uso pessoal do deputado.

Mas isso não é nada se “comparado com a imortalidade da alma”. -- Um Hércules C-130 da minha querida Força Aérea Brasileira, tempos atrás, (1999) também foi flagrado transportando cocaína para Europa. O avião, pertencente ao Primeiro Grupo de Transportes sediado na Base Aérea do Galeão, havia decolado de Recife, para um pouso intermediário em Las Palmas, quando recebeu ordens para regressar. Imagino “o frio na alma” que sentiram os pilotos com essa inusitada ordem; bem como fico a imaginar que, caso todos da tripulação estivessem envolvidos na perigosa “manobra”, poderiam ter alijado a fatídica carga no mar, para drogar os alegres tubarões.

Não sei qual foi o “futuro” dos os pilotos da FAB, que transportavam (sem saber... disseram eles) cocaína para Europa.  Nem com o piloto do caso acontecido em Eirunepé. Não sei; não sei.

Nem sei o que acontece quando deputados e senadores são flagrados utilizando os jatinhos da FAB, para passeios com seus namorados e suas queridas namoradinhas. Nem o que “acontece” nos longos e caros passeios turísticos do Aero-Lula, hoje Aero-Dilmão, ao redor do mundo. -- Quem dos senhores poderia me informar?

Felizes somos nós, pobres militares muito mal remunerados, mas satisfeitos com o pouco que tem, e que não gostam de  se meter em “frias”...

Coronel Maciel.

 

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