domingo, 1 de setembro de 2019

PELOTÕES DE FRONTEIRAS!


Pelotões de Fronteiras!
Hoje, domingo, sem ter nada para fazer, peço-lhes permissão para contar outros “causos” de outros Pelotões de Fronteiras! A floresta lá embaixo; linda, imensa; virgem, verde; milhões e milhões de árvores enormes espalhando sombras para bilhões de insetos e animais silvestres; sombras que dificultavam a nossa navegação, pois, rios, riachos, igarapés constantes nas cartas “WAC” de Navegação Aérea estavam também encobertos pelas sombras e pelos abraços das imensas árvores. Naqueles velhos tempos não havia nem sombras de “GPS”! Estávamos voando de Manaus para Forte Príncipe da Beira; entre os passageiros um Tenente recém-formado da AMAN! Ela, sua esposa, menina ainda, com a pele ainda bronzeado do “Sol de Ipanema”. Ele ia assumir o “Comando do Pelotão”. Lembro-me bem quando a esposa “substituída”, recepcionou, os olhos ainda remelentos do assédio de “bilhões” de mosquitinhos, dizia, rindo, alegre, brincando: -- Minha filha: - Aqui não tem nem Coca-Cola! Uns dois anos depois, e já era outro o tenente comandante do Pelotão, transportávamos uma comitiva do Exército. Ao chegarmos, com o General sentado ao meu lado, na cadeira “gentilmente” cedida pelo meu copila, ficamos sobrevoando o Majestoso  Forte Príncipe da Beira,  construído nos últimos anos do Século XVIII; e fiquei imaginando como foi possível trazer as Cantarias de Belém, rios acima; os pesados canhões de bronze;  as pedras, pois naquelas margens do Rio Guaporé não há pedras; que tarefa titânica; sem paralelo; sem a nossa heroica COMARA, a Comissão para Construção de Aeroportos na Região Amazônica; sem os nossos  Hércules C-130; enfrentando as febres equatoriais; enfrentando as arremetidas dos castelhanos; enfrentando tudo; porém nada conseguiu impedir que brasileiros e portugueses, de mãos dadas, levassem a cabo este incrível empreendimento da história da nossa colonização. Pousamos e fomos recebidos pelo Tenente Comandante do Pelotão. No almoço, a maior surpresa: -- Onde haviam conseguido aquelas enormes pedras que serviam de piso, num improvisado "restaurante" nas margens do Guaporé, pergunta o General; e durante o almoço, brindados que fomos com uma suculenta tartarugada, quando o General ficou uma “verdadeira fera”, quando o Tenente, inocente e coitado, informou assim meio sem jeito, que havia tirado aquelas pedras "daquele Forte, ali abandonado". -- E estas tartarugas? -- Não sabe que está proibida a pesca? Foi aquele silêncio geral e desconfortável. Tentando aliviar a situação do embaraçado Tenente, falei ao General, meu copila na chegada, que, se nós não pegássemos as tartarugas, os Bolivianos, do outro lado do rio, iriam se fartar: - - Explica, mas não justifica. -- Vou levar este caso ao conhecimento do “Figueiredo”, meu colega de turma, e meu particular amigo, quando haveremos de restaurar este Forte; aliás, é o único quadro, pintado a óleo, que guarda o meu Gabinete: -- Uma ótima ideia, General, disse eu, tentando contornar o “CB”, mas meio desconfiado de poder levar também alguns respingos da “mijada”. No dia seguinte decolamos para visitar outros Pelotões de Fronteiras. Durante o voo fiquei imaginando como é dura a vida naqueles tão longínquos Pelotões de Fronteiras, onde “não tem nem Coca-Cola”... 
Coronel Maciel. 

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