Os cães do Machado.
Fui apresentado a um
dos meus maiores amigos, o grande Machado de Assis, pelo nosso saudoso
professor de Português, o Mário Barreto, quando ainda nos meus tempos de
Cadete-do-Ar, no hoje já lendário Campo dos Afonsos, no Rio. Mário era parente,
não sei se filho ou irmão, do Fausto Barreto, que, junto com Carlos de Laet,
nos brindou com a mais que florida “Antologia Nacional” ou “Coleção de
Excertos”. Mário Barreto sabia de “cor e salteado” a famosa Antologia com suas
592 páginas, fato que impressionava a todos nós. Eu sempre gostei de Aulas de Português;
não de estudar suas regrinhas gramaticais, que só servem para irritar seus
estudantes. Lógico que algumas são
essenciais. Mas o que eu gostava mesmo era do estudo das Metáforas, a linguagem
dos poetas. Gostava muito quando ele, sentado em sua cadeira, pernas cruzadas,
sempre vestido “à caráter”, de frente para seus alunos, nos dizia: -- Hoje vou
representar para os senhores a famosa peça em um ato conhecida como a “Ceia dos
Cardeais”, do Júlio Dantas. Hoje, relendo as “Memórias Póstumas de Brás Cubas”,
na página em que o Machado nos conta uma briga de cães, fato que, aos olhos de
um homem vulgar, não teria nenhum valor; mas, para “Quincas Borba”, não, ao
notar que aos pés deles estava um osso, motivo da guerra, e não deixou de
chamar atenção para a circunstância de que o osso não tinha carne; mas os cães
se mordiam; os cães rosnavam, com furor nos olhos, fato que me fez comparar os
dois cães com os atuais Ministros do nosso STF, quando eles se mordem; se
rosnam, à semelhança de cães, na defesa dos ossos dos seus bandidos; cada Ministro tem seu bandido
de estimação...
Coronel Maciel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário