quinta-feira, 3 de outubro de 2019

OS CÃES DO MACHADO.


Os cães do Machado.
Fui apresentado a um dos meus maiores amigos, o grande Machado de Assis, pelo nosso saudoso professor de Português, o Mário Barreto, quando ainda nos meus tempos de Cadete-do-Ar, no hoje já lendário Campo dos Afonsos, no Rio. Mário era parente, não sei se filho ou irmão, do Fausto Barreto, que, junto com Carlos de Laet, nos brindou com a mais que florida “Antologia Nacional” ou “Coleção de Excertos”. Mário Barreto sabia de “cor e salteado” a famosa Antologia com suas 592 páginas, fato que impressionava a todos nós. Eu sempre gostei de Aulas de Português; não de estudar suas regrinhas gramaticais, que só servem para irritar seus estudantes.  Lógico que algumas são essenciais. Mas o que eu gostava mesmo era do estudo das Metáforas, a linguagem dos poetas. Gostava muito quando ele, sentado em sua cadeira, pernas cruzadas, sempre vestido “à caráter”, de frente para seus alunos, nos dizia: -- Hoje vou representar para os senhores a famosa peça em um ato conhecida como a “Ceia dos Cardeais”, do Júlio Dantas. Hoje, relendo as “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, na página em que o Machado nos conta uma briga de cães, fato que, aos olhos de um homem vulgar, não teria nenhum valor; mas, para “Quincas Borba”, não, ao notar que aos pés deles estava um osso, motivo da guerra, e não deixou de chamar atenção para a circunstância de que o osso não tinha carne; mas os cães se mordiam; os cães rosnavam, com furor nos olhos, fato que me fez comparar os dois cães com os atuais Ministros do nosso STF, quando eles se mordem; se rosnam, à semelhança de cães, na defesa dos ossos dos  seus bandidos; cada Ministro tem seu bandido de estimação... 
Coronel Maciel.

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