sábado, 27 de agosto de 2011

UMA BOMBA MAIS CARA QUE UM "PORTA AVIÕES".


Agosto, mês de desgostos... Foi num mês de agosto que o Coronel Paul Tibbets assumiu os comandos do seu “Enola Gay”, o B-29 mais bem inspecionado, mais bem cuidado, mais bem tripulado e mais bem armado do mundo. No bolso do seu macacão, e sem que os outros tripulantes soubessem, Tibbets levava uma caixa com doze cápsulas, cada uma contendo uma dose letal de cianureto. Ao primeiro sinal de problemas sobre o Japão, Tibbets deveria distribuir o veneno, explicando as opções que seus tripulantes teriam diante da possibilidade de serem capturados: ou estouravam os miolos ou tomavam veneno... -- Se formos derrubados vocês nem podem imaginar as torturas que seremos submetidos para revelar aos japoneses o que estávamos fazendo por lá...

Às 02:27 horas do dia 06 de agosto de 1945 Tibbets acionou o motor número 3. Depois os outros três do seu possante quadrimotor. Às 02:35 o “Covinha dois”, código secretíssimo da missão, informou à torre norte de Tinian que estava pronto para decolar... O peso normal da decolagem seria de 65 toneladas do seu “Enola Gay”, mais 26 toneladas de combustível, uma bomba de 5 toneladas e mais 12 pessoas à bordo. Somando tudo Tibbets verificou que estava com uma sobrecarga de 7 toneladas... Tomou então a decisão de manter o avião no solo até os últimos metros da pista, para obter o máximo de velocidade, antes de “levantar o nariz”; mas não revelou sua intenção ao capitão Lewis, seu copiloto, que logicamente também sabia do excesso de peso.  Às 02:45 disse a Lewis: -- Vamos embora, e avançou as manetes... Tibbets olhava com muita atenção o indicador de pressão de admissão. Com dois terços “consumidos” de pista o indicador de RPM ainda estava bem abaixo das 2550 desejadas, e o indicador de pressão indicando apenas 40 polegadas, insuficientes para decolar... Lewis também olhava ansiosamente para os instrumentos à sua frente, duplicatas dos que Tibbets monitorava.

--- Está pesado demais! – berrou Lewis... -- Puxe esta pô... -- Tibbets ignorou Lewis, mantendo o avião firme na pista. Instintivamente Lewis pegou nos comandos, quando Tibbets gritou: -- Largue isto! – paralisando o capitão, que ficou olhando para o coronel... Tibbets agora olhava fixo para o término da pista, à beira do penhasco... O Enola Gay decolou no exato momento que a pista sumiu, substituída pela escuridão do Pacífico.

Às 08:45 daquele dia a primeira bomba atômica explodiu sobre Hiroshima... Dizem que 140.000 japoneses morreram na hora, e 200.000 o total final. “Pearl Harbour” estava vingada...

Terminada a guerra, Tibbets descobriu que era uma personalidade controvertida. Ao contrário dos outros membros da sua tripulação, ele detestava publicidade. Tibbets gostava mesmo era de ser “aviador”. Voou nos aviões do “Comando Aéreo Estratégico”. Promovido a general, foi servir na Missão Militar Americana, na Índia, onde foi muito mal recebido, com virulentas manchetes na imprensa pró-comunistas, rotulando-o como sendo o “maior assassino do mundo”...

Fora do serviço ativo, Tibbets continuou perto dos seus aviões. Foi presidente de uma companhia de jatos executivos. Pilotava jatos “Lear”. Pediu que quando morresse suas cinzas fossem espalhadas pelos céus dos Estados Unidos.

Coronel Maciel.


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