terça-feira, 21 de novembro de 2017

Rio Fresco.

“Rio Fresco”.
Quem sou eu, águia abatida, asa quebrada, reformada, “inútil na paz e incapaz para guerras” para ficar dando palpites em cima da compra desses jatinhos, suecos e supersônicos, onde dizem, não sei, que houve muita sacanagem, muita mutreta, muita roubalheira. O máximo que eu posso dizer é que, se esses bilhões de dólares que foram cair nos bolsos dos suecos, com certeza iriam cair, como dizem que caiu, nos bolsos do Lula, e até, segundo as más línguas, nos de alguns dos “nossos pilotos”; não sei.  Só sei que os suecos prometem transferir, numa espécie de “osmose”, tecnologia de ponta em voos supersônicos. Mas acho melhor ficar mesmo contando pra vocês histórias de índios. Dos “Caiapós”, por exemplo, aqueles de enormes beiços de pau, que moram lá em “Gorotire”, nas margens do “Rio Fresco”, afluente do majestoso Rio Xingu. Após pernoite na aldeia, decolamos na direção de outra aldeia, a dos seus irmãos, os Kubenkrankein, ou Kuben-kran-ken. Era manhã de um dia chuvoso, com nuvens baixas, as famosas e perigosas "Barbas de Bode", terror dos pilotos; são nuvens que costumam se enamorar das majestosas árvores, num longo abraço, iludindo os pilotos menos experientes que se aventuram a voar naquela Amazônia ainda virgem e desconhecida.
Perder-se na Amazônia, naqueles tempos, era muito fácil; difícil mesmo era se achar. -- Hoje, não! -- Estou falando daqueles nossos velhos tempos dos C-47; da aviação romântica; aviação do “arco e flecha”... -- Na hora estimada da chegada, nada de avistarmos a aldeia dos Kubens. Abrimos para um "quadrado crescente", técnica usada para quem está perdido, naquele majestoso “Inferno Verde”. Hoje não; hoje os pilotos não se perdem mais, com a ajuda dos incríveis GPS. Lá pela quarta perna avistamos fumaças, parecidas com as de uma enorme fogueira. Era a “Cachoeira da Fumaça”, onde se “escondia” a aldeia daqueles índios ainda muito arredios, que nos olhavam de longe, temerosos e ameaçadores. A fumaça nada mais era que respingos de água da enorme queda da cachoeira, respingos que subiam aos céus, como se fora um farol para orientação dos nossos bravos pilotos.
Pousamos numa pista que mais parecia uma estrada de boi e fomos recebidos com hurras, gritos e pulos dos índios e muito choro das mulheres. Meu copiloto, novinho naquelas plagas, quase chora também; mas de medo! Expliquei-lhe, conhecedor que era daqueles costumes indígenas, que o choro nada mais era que uma demonstração de alegria pela volta de entes queridos, regressando de tratamentos de saúde em Belém, Santarém, Manaus. Era sinal de que tudo estava bem, naquela aldeia solitária, cercada de milhares de araras azuis, papagaios, macacos, cachorros magros. Os “hurros” dos homens eram demonstrações de força, como acontece com os “hurros” dos canhões nas guerras entre os Exércitos dos homens ditos “civilizados”. Vou ficando por aqui; minha “autonomia” é curta... kkkkk

Coronel Maciel.

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