segunda-feira, 1 de julho de 2019

O PILOTO DEU AZAR...



Estávamos nos idos dos anos 80, fazendo uma "PURUÁ", “simbiose” das linhas dos rios Purus e Juruá. Aguardávamos uma troca de cilindro no "meu" possante C-47, na cidade de Eirunepê, uma pequenina pérola situada nas margens do sinuoso Rio Juruá. No dia anterior, acontecera um trágico acidente em Tabatinga, com um “Hirondele” da PTA “Paraense Transportes Aéreos”, que o pessoal carinhosamente apelidava de “Paraense Prepara tua Alma”. Entre os mortos e feridos, alguns residiam em Eirunepê. Seus familiares me pediam, desesperados, para levá-los a Tabatinga, cidade relativamente próxima de Eirunepê, usando avião.  Não havia previsão para o término do serviço de troca do “meu” cilindro. Estacionado no pátio, encontrava-se um monomotor novinho em folha, “vazio”, que pernoitara e aguardava não sei o quê para decolar. Ali estava a solução do problema. Indaguei do piloto sobre a possibilidade de fazer aquela “MMI”, Missão de Misericórdia, sigla usada nas missões humanitária que costumávamos fazer pela imensa Região Amazônica, nossa querida “Amazônia”, longe de tudo e de todos. Negativas, desculpas sem desculpas, etecéteras e coisa e tal, ainda mais com o Prefeito oferecendo elevada quantia pelo transporte. Nada “comovia” o piloto; comecei a desconfiar; as aparências não me enganam.  Encurtando a história: depois de muito “zum-zum-zum”, correu um “bizu” que o avião transportava drogas. Não deu outra; descobrimos duzentos quilos de pasta de cocaína escondidos no piso do avião. O piloto deu azar...
Coronel Maciel.

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