Estávamos nos idos dos anos 80, fazendo uma
"PURUÁ", “simbiose” das linhas dos rios Purus e Juruá. Aguardávamos
uma troca de cilindro no "meu" possante C-47, na cidade de Eirunepê,
uma pequenina pérola situada nas margens do sinuoso Rio Juruá. No dia anterior,
acontecera um trágico acidente em Tabatinga, com um “Hirondele” da PTA
“Paraense Transportes Aéreos”, que o pessoal carinhosamente apelidava de
“Paraense Prepara tua Alma”. Entre os mortos e feridos, alguns residiam em
Eirunepê. Seus familiares me pediam, desesperados, para levá-los a Tabatinga,
cidade relativamente próxima de Eirunepê, usando avião. Não havia previsão para o término do serviço
de troca do “meu” cilindro. Estacionado no pátio, encontrava-se um monomotor
novinho em folha, “vazio”, que pernoitara e aguardava não sei o quê para
decolar. Ali estava a solução do problema. Indaguei do piloto sobre a
possibilidade de fazer aquela “MMI”, Missão de Misericórdia, sigla usada nas
missões humanitária que costumávamos fazer pela imensa Região Amazônica, nossa
querida “Amazônia”, longe de tudo e de todos. Negativas, desculpas sem desculpas,
etecéteras e coisa e tal, ainda mais com o Prefeito oferecendo elevada quantia
pelo transporte. Nada “comovia” o piloto; comecei a desconfiar; as aparências
não me enganam. Encurtando a história:
depois de muito “zum-zum-zum”, correu um “bizu” que o avião transportava
drogas. Não deu outra; descobrimos duzentos quilos de pasta de cocaína
escondidos no piso do avião. O piloto deu
azar...
Coronel Maciel.
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