domingo, 2 de fevereiro de 2020

EU TAMBÉM JÁ TRANSPORTEI MINISTROS.



Estávamos no auge da “Ditadura”! O Ministro Higino Corseti, das “Comunicações”, pousava em Recife, vindo de Brasília, num “HS”, o ouro “fino” do GTE na época, e logo em seguida entrava no “meu” Douglas C- 47, vulgo Dakota, para uma longa viagem pelo interior do Norte-Nordeste, pousando em pistas onde só o Velho Douglas conseguia pousar, naquele grande esforço que todos nós fazíamos para melhorar as comunicações por este imenso Brasil, um Brasil que não “falava” com ninguém. Nem o Norte com o Sul, nem o Este com Oeste. Acompanhava o Ministro sua digníssima, pois nos muitos municípios onde eram instaladas as torres e linhas de transmissões dos sinais, os Prefeitos também se faziam acompanhar também das suas. Num dos nossos pernoites, foi em Fortaleza, ficamos sabendo pelo Ajudante de Ordens do Ministro que no dia seguinte o casal completaria 25 anos de casados. O meu “copila” era o nosso grande amigo, Tenente Alcântara. Bolamos então um “audacioso” plano que, se desse certo, nos renderia bons frutos. Mandei comprar 25 rosas vermelhas “gigantes” e fizemos um detalhado “briefing” antes da decolagem para Teresina. O Taifeiro de Bordo, além ótimo corneteiro e grande amigo nosso, era também um enorme “criolão”, muito aprumado nos seus vinte palmos de altura, vestido à caráter, num impecável linho branco, muito orgulhoso da sua nobre profissão. Ele ficaria segurando as rosas; eu entregaria as “vermelhonas” à distinta senhora, e o Alcântara faria o discurso. Voávamos alto, sobrevoando o topo das nuvens, evitando as fortes turbulências. Acordamos o casal e, “à francesa”, ofereci as rosas vermelhas; foi quando a distinta senhora quase chora de tanta surpresa e emoção! O Alcântara fez então um dos seus mais emocionantes discursos, contumaz que era “em faltas dessa natureza”. Pois bem. Dali em diante demos adeus aos nossos pernoites nos velhos Destacamentos da FAB, e passamos a fazer parte da comitiva do Ministro, pernoitando nos melhores Hotéis, comendo do bom e bebendo do melhor. Um dos pernoites foi na minha linda cidade morena Belém do Pará, exatamente no dia do Círio, com o casal apreciando procissão da sacada de um Hotel situado na Avenida Presidente Vargas. A grande procissão mais parecia imensa cobra humana se arrastando pelo chão. Durante vários anos, por ocasião das festas natalinas, recebíamos uma caixa de vinho de uma pequena fábrica que o Ministro possuía nos seus pampas gaúchos; e um cartão de boas festas assinado pelo simpático casal. Era nos bons tempos da “Ditadura”...
Coronel Maciel.


Nenhum comentário: