sábado, 28 de março de 2020

CRÊ EM DEUS?



Foi a pergunta que uma vez me fez Frei Angélicus, um frade  alemão que vivia nos Tiriós, uma tribo de índios perdida lá nos nortes do meu Estadão do Pará, onde havia um pequeno Destacamento de Proteção ao Voo da FAB, e onde eu gostava de pernoitar; era quando eu levava dúzias e mais dúzias de “Cerpinha”, a cerveja que os paraenses gostam, e que eu sabia que  Frei Angélicus também gostava; ele me “pagava” com um bom conhaque alemão, que ele sabia que eu também gostava; e ficávamos “filosofando”  noites inteiras;  eu, com os meus 30, 35 anos; ele com seus mais de 60: -- Não,   respondi; não creio; mas quando criança eu acreditava muito; chegava até ter medo; foi quando eu aprendi ajudar missas, em Latim,  lá na “Capelinha de Lurdes”, pertinho onde eu morava. -- Nem quando você pilota esses seus aviões, no meio dessas enormes tempestades, cheias dos mais perigosos raios, trovões e relâmpagos? – Nessas horas o que eu sinto mesmo é saudades de casa, da mãe e dos meus filhos; nessas horas eu penso em Deus; não nesses “Deuses” criados pelos homens, como aqueles deuses mitológicos dos Gregos e Romanos, hoje completamente desacreditados; o meu Deus é aquele “cara” que está agorinha mesmo sentado na sua enorme  poltrona estofada, no mais profundo infinito, e muito mais preocupado em manter em equilíbrio suas enormes “Galáxias”, do que preocupada com a gente, aqui nos “Tiriós”; quando então dávamos as mais gostosas gargalhadas, ébrios de cervejas e do bom conhaque alemão...
Coronel Maciel.

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