Avião não cai; quem cai
é balão.
Lembrando o triste acidente
com a nossa saudosa “Marília”, é quando eu me lembro de quantas e quantas vezes
eu dizia para os meus “aluninhos de voo”: --Façam o que eu digo, mas não façam
o que eu faço! Ou melhor, não façam o que eu fazia naqueles nossos velhos
tempos, quando, Tenente ainda, em Barbacena, eu “adorava” fazer acrobacias e
dar “rasantes” por cima das cabeças dos “aluninhos”, para “motivá-los”, como
bem dizia o Brigadeiro Camarão, Comandante da Escola, que me apelidava, carinhosamente,
de “Tenente-Fura-Bolo”. O “Camarão”, modéstia à parte, confiava demais no “Degas”
aqui. E eu pegava a “corda toda’, fazendo coisas que até “Deus duvida”. Hoje,
deitado em minha velha rede branca, na companhia dos meus “81” -- custo
acreditar que fazia tantas leãozadas. Ora, todas as vezes que o Camarão tinha
alguma “missão impossível”; dessas que “passarinho tem que ir pra casa à pé”, ele me chamava e dizia bem
baixinho, como aquela vez quando, numa
manhã fria de sábado, quando decolamos, de manhã bem cedo, eu e o Tenente Tomé,
para irmos a Congonhas buscar dois professores e uma professora, todos franceses e
tivemos que voltar logo após decolar, monomotor, no famoso Beech-mata-sete,
ele então me chamava para um “particular” dizendo:-- Fura Bolo, me pega o “Regente”
e me traga eles aqui. Eu: -- mensagem à Garcia, Brigadeiro? Ele, sorrindo, com
todos aqueles seus cabelos brancos, balançava a cabeça dizendo sim. Ora, o
Regente vocês sabem como ele era; fui e voltei, a tempo de os professores
franceses (0 Camarão era o tradutor) darem seus recados, para ume plateia de
ilustres convidados e todos os alunos. Muito obrigado, me dizia o Camarão. E
eu: -- Brigadeiro, vem “bronca pesada” por aí. Para cumprir a missão tive que
dar não sei quantos “rasante” por cima “das cabeças dos Controladores de Voo”...
Deixa comigo, Fura-Bolo; fique tranquilo... Grande Brigadeiro Camarão!
PS:-- Repeteco. Edição
revista e melhorada.
Coronel Maciel.
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