sábado, 30 de julho de 2011

MEU PRIMEIRO VÕO SOLO.

Lembro-me como se fosse hoje... Foi num dia de dezembro de 1959. Fazia um sol quente daqueles, naquele meu grande dia.  Logo depois do almoço decolei da pista 17 -- a “caveirosa” -- lá no já lendário “Campo dos Afonsos” no Rio, onde tantos cadetes foram imolados na busca do mais empolgante de todos os ideais, a aviação.

Livrando dos morros e dos urubus que me olhavam assustados -- tec-tec-tec -- lá ia eu, muito feliz da vida, e me sentindo o mais novo “Dedalus”, aquele famoso Deus da mitologia grega. O avião era um “elegante” Fokker T-21... Obedecíamos “cegamente” às luzes enviadas pela TAF, a torre dos Afonsos, pois o avião não possuía rádio para comunicações bilaterais com torres de controle. Muitos não conseguiam “voar solo”, e foram desligados... As normas exigidas para piloto militar eram rigorosas. Quantas esperanças perdidas... Alguns foram aproveitados pela aviação civil; outros, pela Petrobrás. Outros, pelas Polícias Militares de vários estados. Os desligamentos eram os “fantasmas” que nos acompanhavam durante todo o curso de Oficiais-Aviadores... Ser considerado apto para “solar o avião”, era o tão esperado “passaporte” para ingressar na Escola de Aeronáutica; sendo promovido de aluno de Barbacena, para Cadete do Ar.

Fui indo, fui indo; foram deixando, deixando, até que cheguei a Coronel-Aviador, hoje na reserva ganhando menos que um ascensorista do senado federal, proventos que tem gente dizendo que eu “choro de barriga cheia”... Feliz é o pobre que está satisfeito com o que tem... rsrsrsr.

Coronel Maciel.   

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