73 anos! “Half way mark”;
metade do longo voo percorrido! Será que
minha vida passou e eu não percebi? Mas,
vejam vocês: judiei muito, demais, com meu sempre fiel ”avião”. Com suas bombas
de pressões! Com meu fígado principalmente! -- Esse, sim, tinha razões de sobra
para se vingar dos enormes sacrifícios a que foi submetido. O meu pulmão
também; maltratado pelo fumo durante mais de trinta anos. E a minha cabeça? –
Esta bem que poderia vingar-se com seu cérebro, cérebro danado até demais! Cérebro
que tantas e tantas vezes “bolou” tantas astúcias e sempre martelando, sempre provocando:
-- Velho corona, “pecar é não pecar” rsrs...
E o velho coração?
Tuc-tuc-tuc, sempre batendo, incansável; sempre batendo forte! Não se cansa de
bater! -- Este, sim! Este eu lhes garanto que nunca fez mal a ninguém! É bem verdade
que muitas vezes foi fraco, foi mole, foi aflito; hoje chateado, amanhã feliz;
ora medroso, ora corajoso. Mas sempre disposto a compreender os maus e a
perdoar os invejosos.
E nunca deixou de amar
o canto pequenino onde nasceu. As estrelas dos seus tempos de menino continuam
a marchar comigo, em rútilos, em inexoráveis tropéis! Sempre brilhando sobre
mim quando declino, consolando-me na reta final desta minha longa jornada;
desta minha longa missão.
Começaria tudo outra
vez, se possível fosse, meu amor...
Coronel Maciel.
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