sexta-feira, 27 de março de 2015

Aviação:-- O mais belo de todos os ideais!

Quando me “expulsaram” da minha querida Força Aérea Brasileira, que hoje reconheço por minha própria culpa, devido a este meu “eu” tão cheio de perigosas arestas, passei alguns anos, dois ou três ou quatro, na maior boa vida, ao lado do meu violão, e de camarões e de lagostas grelhadas e na companhia de louras geladas. Foi quando senti saudades de voar, que sempre foi o maior de todos os meus vícios.  Fiz então toda “via sacra” que me foi exigido. Provas de meteorologia, regras de voo, e tantas outras “coisinhas miúdas”, como se eu fosse um neófito em aviação. Fui passando em tudo. Até a hora em que fui chamado para entrevista com o capitão médico “psicólogo”.  Pedi licença, assim meio cismado (eu sempre me achei assim meio maluco), sentei, e fiquei a espera daquelas perguntas, enquanto ele me olhava assim um tanto quanto admirado. E me perguntou, de chofre:- - Coronel; por que o senhor quer voltar a voar? – Respondi assim também de chofre:- - Doutor, eu acho que é porque eu estou ficando louco! Ele riu, me olhou, fez mais algumas perguntas “indiscretas”, mas fáceis de responder, e me dispensou, considerando-me apto para voltar a voar. Respirei fundo e aliviado.
Conheci vários pilotos meio malucos na FAB. Entre eles, o Brigadeiro “Melo Maluco”, que não era maluco coisa nenhuma. Outro que conheço muito bem, sou eu mesmo! Onde já se viu um cara, que depois de passar a semana inteira dando duplos de voo acrobáticos para cadetes do terceiro da Academia da Força Aérea, AFA, que na época, em 64, era apenas um “Destacamento Precursor”; pegar um T-6, logo após o expediente das sextas feiras, e, sozinho, enfrentar um “noturnão”, na companhia de raios, relâmpagos, chuvas, e trovões, sobrevoando os agudos “Alpes Mineiros”, para um rápido pernoito em Ilhéus; decolar no sábado, cedinho, para almoçar uma boa carne de sol, em Natal, na casa da minha namorada? Voltar no domingo, com a ordem de chegar em Pirassununga, pronto para o início expediente na segunda?
Ninguém mais do que nós, que abraçamos este mais nobre e belo de todos os ideais, a Aviação, sentimos bem no fundo dos nossos corações, tanta dor pelo do sofrimento das vítimas, dos familiares das vítimas, e muita pena do solitário copiloto alemão...
Coronel Maciel.



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