domingo, 3 de março de 2013

A Ceia dos Cardeais.


Este “Love Affair” envolvendo os papa Benedito, seus cardeais, os milhões e milhões de católicos perplexos, sem saber nem compreender direito tudo o que está acontecendo com a Santa e Amada Igreja Católica, me fez lembrar o nosso professor de português dos meus tempos de Cadete-do-Ar no hoje meu querido e já lendário Campo dos Afonsos, no Rio. O professor Mário Barreto.  Parente de Fausto Barreto, que junto com Carlos de Laet, fizeram a famosa “Antologia Nacional” ou “Coleção de Excertos” -- Mário Barreto sabia de “cor e salteado” a famosa Antologia com suas 592 páginas, fato que impressionava a todos nós.

Eu sempre gostei de aulas de português; não de estudar suas regrinhas gramaticais, que só servem para irritar os alunos.  Lógico que algumas regras são essenciais. Mas o que eu gostava mesmo era do estudo das metáforas, a linguagem dos poetas. Gostava quando ele, sentado em sua cadeira, pernas cruzadas, sempre vestido “à caráter”, de frente para seus alunos, dizia: -- Hoje vou representar para os senhores a famosa  peça em um ato conhecida como a “Ceia dos Cardeais”, de Júlio Dantas.

E passava a representar de modo muito pessoal as figuras do Cardeal Gonzaga, bispo de Albano e camerlengo; o Cardeal Rufo, arcebispo de Óstia e deão do Sacro-Colégio; e o Cardeal de Montmorency, bispo de Palestrina, que contavam para eles mesmos, enrubescidos e embevecidos, suas histórias de amor, vividas em suas distantes mocidades. O professor Mário Barreto ficava emocionado quando, ao final da representação, como quem acorda; os olhos cheios de brilho; a expressão transfigurada, repetia as últimas frases do Cardeal Gonzaga: -- Como é diferente o amor em Portugal!

Não tenho, nem sigo religião nenhuma; acredito num Deus, um Deus meu muito particular e muito diferente da maioria dos Deuses que todos vocês conhecem, ou já ouviram falar. Mas gosto muito de ler tudo sobre todas as religiões do mundo; do Islamismo, ao catolicismo, ao espiritismo (não sei espiritismo é religião), budismo, etc., etc., até a religião dos Deuses Negros da África Negra. E fico com muita pena; muita pena de mim mesmo por não haver nascido com a fé onde se abrigam os fiéis do mundo inteiro. A fé que remove montanhas; a fé de Dante Alighieri mostrando que o homem, através da razão, chega à fé; ou: -- Dante, seguindo os passos de Virgílio, encontra sua Beatriz.

Sigo a Cecília Meireles quando nos diz:- - Um dia estarei mudo; mais nada...

Coronel Maciel.