Não nascemos; não fomos
criados para pequeninas coisas; fomos educados, forjados para grandes coisas! Não
nos ensinaram nas nossas gloriosas Escolas Militares a “difícil arte” de fazer
política neste tão desgovernado Brasil! -- Não nos ensinaram a ser malandros, a
ter o tal “jogo de cintura”. -- Nem muito menos nos ensinaram a ter olhares de
lebres apavoradas. -- Ser disciplinado não é obedecer a tudo cegamente! – Não é
indisciplina o Exército negar tropas para prestar homenagens a cassados pela
Revolução Redentora de 64!
Quantas e quantas vezes
severamente me acuso de havermos deixado o Brasil chegar tão fundo no poço; de
havermos traído a confiança que o povo brasileiro nos depositou, para depois,
sem mais nem menos, havermos entregue o ouro aos bandidos. De deixarmos de ser nós mesmos,
para nos deixar submissos aos caprichos de meia dúzia de revanchistas, que já
se apoderaram dos nossos corpos e agora querem se apoderar das nossas almas!
Depois de havermos passado uma vida inteira
dizendo, afirmando, gritando que a verdade deveria ser a base de todo o nosso
caráter; a base de todas as nossas relações, tanto com os subordinados, quanto
aos nossos filhos, nossas famílias, nossos amigos -- ficarmos tão
repentinamente reféns da descrença, aceitando conviver com a corrupção, com a
mentira!
Não sei quantos dos
senhores já tiveram a oportunidade de expor sem medo seus pensamentos; sei que não
é fácil. Certa vez eu o fiz. – Sempre fui individualista! -- Lancei-me de peito
aberto contra os desmandos de um presidente da república! Eu era então um
simples coronel da ativa! E sozinho, eu e minha solidão, enfrentei quinze dias
de prisão sem fazer serviço.
Por isso eu vos digo:-
- Avante, caros Comandantes Militares! A vitória está próxima! -- Os senhores
não estão sós. É o Brasil inteiro chorando lágrimas paz, neste Brasil tão
violento! Chega de tanta desordem; chega de tanta corrupção.
Mas não estou
confundindo vitória com nossa volta ao poder; não! – A vitória que me refiro é
a vitória da verdade! – A verdade que há de ser conquistada com a mão na pena,
pois a mão na pena vale mais que o dedo no gatilho!
Sabemos exatamente o
que cada um de nós é; sabemos exatamente o que cada um de nós não é; mas
sabemos também e exatamente o que poderemos vir a ser e o muito que ainda
poderemos fazer pelo nosso tão grande, tão amado e tão traído Brasil!
Coronel Maciel.