quinta-feira, 2 de maio de 2013

"Filho da puta!"


Foi exatamente na hora quando o presidente Castelo Branco saltava do carro para inaugurar uma conferência no hotel Glória que Carlos Heitor Cony, junto com “sete amigos”, acabava de dar uma vaia no presidente que ia inaugurar uma conferência da OEA, no hotel Glória, no Rio: -- Quando o marechal saltou do carro e começamos a vaia, não sei o que me deu; gritei o mais alto que pude: "Filho da puta!". -- Fomos presos! Este, um dos episódios mais marcantes na vida do escritor Carlos Cony: chamar o presidente Castelo Branco de filho da puta!

Quantos brasileiros ficaram ricos, famosos e muito agradecidos por terem sido perseguidos durante a “ditadura”? -- Quantos? -- Quantos hoje dão graças a Deus por terem sido “presos”? – Quantos? -- Dona Dilma é um dos “piores” exemplos.

Em “64” Cony trabalhava no “Correio da Manhã”. Não sei bem o porquê; mas em 1974 o Correio deixou de circular. Era um jornal poderosíssimo: ali se demitiam ministros com um simples tópico! Em 64 o “Correio” fazia acirrada campanha contra o governo Goulart. Editoriais com títulos garrafais: “Basta”; “Fora”. No dia 2 de abril Cony publica uma crônica que, segundo ele, irritou leitores e assinantes habituados à linha até então adotada pelo jornal. Cony não aceitava, também segundo ele, placidamente a “ditadura que então se instaurava”. Cony juntou-se a outros tantos jornalistas, entre eles Márcio Moreira Alves, “pivô do crime” que decretou o Ato Institucional Número 5 (AI-5) em dezembro de 1968. Formava-se o primeiro grupo de reação contra a “ditadura”, segundo Cony.

Não sei se Cony realmente lutava contra a “ditadura”, ou se já “vislumbrava”, lá longe, a cama onde hoje dorme tranquilamente, após receber dos cofres públicos uma indenização de um milhão e meio por ter sido -- diz ele -- um dos mais perseguidos pela ditadura. Hoje recebe uma pensão vitalícia mensal de mais de vinte e três mil, tudo livre de imposto de renda!

Como dizia Millôr Fernandes, ao recusar “indenizações”: não era ideologia, era investimento!

Cony, nas suas crônicas semanais na “Folha de São Paulo”, continua a massacrar os velhos generais de 64, que, mortos, não sabem se defender...

Quem é o grande “filho da puta”, nesta historinha à toa? – Ele, Cony, ou o insigne marechal Humberto de Alencar Castelo Branco?

Coronel Maciel.