Os ratos chineses.
Acordo, abro a
solitária janela do meu quarto, e vejo os Tucanos em pleno voo, “indiferentes a
tudo”, e me lembrei com saudades; muita saudade mesmo dos meus tempos de
Aspirante; quando estava “com tudo em cima”; voando os B-26; e fiquei igualzinho
passarinho quando fica com raiva; puto da vida mesmo, com esses malditos chineses
que me obrigam a viver esse meu restinho de vida preso numa gaiola, com a boca
escancarada esperando a morte chegar, como diria o Raulzito. Mas o que eu acho “o
mais pior de tudo” é este ficar já bem velhinho sendo tratado como criança; ameaçado
de ser posto de castigo, se não obedecer às ordens das autoridades: -- Fique em
casa, fique em casa; se não, mando lhe cortar o saco. Sou contra matar o
assassino de um nosso ente querido; não; o assassino há de morrer devagarinho; bem
devagarinho; cortado aos pedacinhos. Hamlet, naquela hora propícia quando já pronto
para matar o assassino do seu pai, o encontrando orando, disse: -- Não; desse
jeito mando esse velhaco para o céu: -- Aguarda, espada, uma hora mais propícia:
-- No sono da embriaguez; em plena cólera; nos prazeres do tálamo incestuoso;
no jogo; ao blasfemar; nessa hora, mata-o. Melhor aguardar tudo passar, e então
deixar esses chineses morrerem de fome, servindo de pasto para ratos e urubus.
Mas não fazer também como os Generais fizeram; como nós fizemos: deixando
escapar esses ratos que nos governam, e que hoje ocupam as melhores poltronas
desse nosso Brasil, tão grande, tão amado e tão traído.
Coronel Maciel.
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