No Alto do Abacaxi.
Não sei se volto a
falar dos meus tempos de criança na minha querida Força Aérea sobrevoando o
oceano de ondas verdes da gigantesca planície; ou se repito essas mesmas
desventuras desses novos “tempos modernos”; sempre as mesmas merdas de sempre;
sempre as mesmas mortes de sempre; ou se continuo a falar este meu modo de falar;
cagando mole pra sintaxes e regrinhas gramaticais. Não sei se sinto inveja ou
pena dos que acreditam em vidas eternas; em céus e infernos; assim na terra
como no céu; não sei. Só sei que cada um viva com suas crenças e descrenças; com
seus Deuses e seus Satâns. Creio mais nos Deuses Negros; nos ingênuos Deuses
Negros sem racismos dos Candomblés da Bahia; da minha querida Bahia de Todos os
Santos e do Pai de Santo Jubiabá, com seu terreiro cheio de negras meninas, no
Alto do Abacaxi. Deuses capazes de acabar com secas; fazer chuvas enormes; capazes
de engravidar as esposas dos que nele não acreditam; eu acredito mais nesses
Deuses “Vudus”, do que naquele que dizem ter inventado o mundo em míseros sete
dias. Não sei se fico, se passo; se desmorono ou se fico; irmão das coisas
fugidias; só sei que um dia estarei mudo; mais nada. Saudades da Cecília
Meireles.
Coronel Maciel.
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