quinta-feira, 9 de abril de 2020

A BELA ADORMECIDA.


A Bela Adormecida.
Já que vocês estão gostando, hoje vou contar pra vocês a história de uma bela mais bela que aquela outra bela dos nossos tempos de crianças; histórias que nossas avós nos contavam para nós fazer dormir. Lá, no mais distante norte do Brasil, banhada pelo Rio Uaupés, um dos braços do majestoso Rio Negro; é lá onde mora a pequenina cidade de São Gabriel da Cachoeira. Hoje nem sei se ainda é linda e pequenina; só sei que a “COMARA”, a Comissão da FAB encarregada de construir aeroportos pela Região Amazônica, fez uma enorme pista de pouso capaz de receber aviões supersônicos! De lá se avista a “Bela Adormecida”, uma montanha que alguém, ninguém sabe quem, mas com certeza algum grande artista; um grande Deus que por lá se encantou, dando-nos a perfeita imagem de uma virgem adormecida.  Uma vez, e lá se vão não sei quantos anos; quando aguardávamos o embarque dos passageiros, e os “meus passageiros” eram sempre assim: -- padres, freiras, freirinhas, índios, índias, cachorros magros, médicos, remédios, rouxinóis, araras, papagaios, jornais, velhas revistas, tudo, tudo, tudo. Fazia um calor daqueles, debaixo de um sol de meio-dia, bem na linha do Equador, quando uma “voz ecoou”: -- Pega!!! – Pega; é um veado; e logo a cachorrada saiu em disparada perseguindo o pobre coitado. Sentindo-se acuado e perdido, ele voltou do meio da pista de pouso, na direção de um cercado, onde eram armazenados os tambores de combustível; pulou o cercado, mas deu azar, caiu de mau jeito, quebrou o pescoço e morreu. Antes de prosseguir na missão, chamamos o velho Guarda-Campo e pedimos para deixar tudo pronto, aguardando o nosso regresso, para um “churrasco” regado com muita cachaça e viola. Voltamos de tardezinha, e à noite, nas margens do majestoso Uaupés, olhando ao longe o adormecer da “Bela Adormecida”, iluminada por uma enorme lua cheia, saboreamos o mais delicioso dos churrascos. Quantas saudades nos dá daqueles nossos velhos tempos; tempos do “Arco e Flecha”; sem GPS; sem radares nem celulares; usando só o “tato” para nos guiar; sobrevoando a minha querida, imensa e verdejante floresta amazônica; saboreando os mais deliciosos tacacás; patos no tucupi; caldeiradas de Tucunaré em Santarém, nas margens das águas verdes do Rio Tapajós; suculentas tartarugadas em Eirunepé, nas margens do Juruá. Que deliciosos pernoites; melhor; muito melhor que lá na velha e sofisticada Paris... kkkkk
Coronel Maciel.

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