quinta-feira, 16 de abril de 2020

MALÁRIA NERVOSA.


Não sei se devido a muita “cana” nos pernoites; ou se devido ao “Autan”, uma loção que passámos pelo corpo inteiro para espantar o “Plasmodium Falciparum” -- de tanto ouvir falar decorei até o nome “científico” -- para designar o popular mosquito da Malária; só sei que nunca peguei essa doença, muito comum na Amazónia; doença que era tratada com Quinino, que estão dizendo que também serve para tratar os atacados pelo Corona Vírus; não sei, mas acho que em caso de dúvida é bom tomar. Uma vez, quando já íamos dar partida nos motores para decolar de Jacaré - Acanga para Santarém, o Tenente Médico da Tripulação veio correndo me avisar que acabava de chegar uma menina dos seus 10, 12 anos que teria de qualquer maneira ser transportada para Santarém, se não, não tinha escapatória, pois ela estava com Malária Nervosa; ora, o nosso “Dakota”, como sempre, estava superlotado; autorizei que armassem uma rede na “barriga” do avião e na companhia do pai, decolamos; bem no meio do caminho, o médico me avisa que a menina tinha morrido; quase morri de pena; chamei o pai e perguntei o que ele queria que eu fizesse; ele me pediu quase chorando que voltássemos para Jacaré, pois em Santarém ia ficar tudo muito “mais pior”, como ele me dizia; não tive dúvidas; meia volta volver, pousamos  em Jacaré, quando dei um forte abraço no velho, que chorando me agradecia. Teve alguns outros “lances” naquela missão, como voltar para Jacaré, sem pedir “autorização”; e outros lances que não agradaram o Comandante do Comar; tristes lances, que não adianta mais contar.
Coronel Maciel.

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