segunda-feira, 13 de abril de 2020

TRÊS RISOS.



Já velho com meus 80 anos, “preso” aqui no meu cantinho, fico olhando muito invejoso para meus três lindos beija-flores, que todos os dias vem aqui na minha janela tomar gostosos “cafezinhos”; fico também pensando, com inveja, daqueles que, como minha saudosa vozinha, que com seus mais de 90 anos, morreu com seu tercinho na mão, rezando suas orações, na certeza  que ia morar no céu; lembro que alguém acendeu uma vela, como  para que sua alma não se perdesse no longo caminho do céu; quisera ser como todos os que, muito mais felizes que eu, que  tenho minhas grandes dúvidas, se existem caminhos pro céu, ou mesmo se existe céu; quisera ser como aquele padre muito antigo do famoso deserto de Cites, lembrado  por “Manuel Bernardes”, quando seus  amigos, também já velhinhos monges, rodeando-lhe o pobre catre, choravam amargamente; foi quando ele, abrindo os seus já cansados olhinhos, sorrindo deu-lhes “Três Risos”, dizendo assim para eles:-- Esse meu primeiro riso é para vos dizer que não deveis temer a morte; este meu  segundo riso é para vos  dizer que, temendo-a, não estais aparelhados; e este meu terceiro riso é para vos dizer que, dando por fim aos meus trabalhos, sigo feliz pro meu descanso.
Coronel Maciel.

Nenhum comentário: