Ainda Malária Nervosa.
Pernoitamos em
Santarém; quando chegava para o embarque, assisti a uma cena que eu nunca
poderia imaginar pudesse acontecer; o nosso Sargento Mecânico, alemaozão muito
amigo nosso, estava nu da cintura pra cima; com a camiseta na mão; no ombro um
papagaio que ele arranjou em “Cururu”; uma linda Missão religiosa lá no Sul do
meu Estadão do Pará; parecia aquela
figura do “Rum Bacardi; e, assim como se estivesse cuidando de uma boiada, dizia para os
atônitos passageiros: vamos logo, minha gente, que o Major Maciel já vem
chegando; ora, eu custava acreditar no que via; mas era tudo realidade; chamei-o
assim de lado, e vi que estava completamente bêbado; mandei que ele entrasse e
fosse se deitar perto do lugar onde fica o Radiotelegrafista; decolamos, no
meio do caminho veio conversar comigo, quando me contou que estava em
tratamento no AA, Alcoólatras Anônimos, e que já fazia um tempão que não bebia, mas devido à morte da criança dentro do avião, não
se conteve e bebeu sozinho a noite inteira; eu então disse a ele: olha aqui; se
o Brigadeiro ficar sabendo, você é capaz até de ser expulso da FAB; continuamos a conversar, dizendo que
ia pensar no que eu ia fazer; bom, para encurtar a conversa, resolvi não
reportar o caso na “Ordem de Missão”, mas iria conversar com o Comandante do
Esquadrão; o caso aconteceu no sábado, e – não sei como, mas sei -- o caso chegou no mesmo dia nos ouvidos do
Brigadeiro; e na Segunda, bem cedo eu já estava na sala do Comando, tentando
explicar por que eu não havia pedido autorização para voltar para Jacareacanga;
e por que, e aí eu vi que ele estava mesmo P. da Vida comigo, por que eu não
havia reportado o caso do Sargento, na Ordem de Missão; ora, mui educadamente, mas
por dento também muito puto da vida, disse: Brigadeiro, se me acontecer
novamente a mesma coisa, eu faria tudo de novo; e que eu não reportei o caso do
Sargento por que eu achei que era um
caso mais de compreensão que de prisão; acho que, por essas e outras, e peço que não
façam ideias erradas de mim, eu sempre
entrava no Quadro de Acesso por Antiguidade; recorria e sempre ganhava...
Coronel Maciel.
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