sexta-feira, 17 de abril de 2020

AINDA MALÁRIA NERVOSA


Ainda Malária Nervosa.
Pernoitamos em Santarém; quando chegava para o embarque, assisti a uma cena que eu nunca poderia imaginar pudesse acontecer; o nosso Sargento Mecânico, alemaozão muito amigo nosso, estava nu da cintura pra cima; com a camiseta na mão; no ombro um papagaio que ele arranjou em “Cururu”; uma linda Missão religiosa lá no Sul do meu Estadão do Pará; parecia  aquela figura do “Rum Bacardi; e, assim como se estivesse  cuidando de uma boiada, dizia para os atônitos passageiros: vamos logo, minha gente, que o Major Maciel já vem chegando; ora, eu custava acreditar no que via; mas era tudo realidade; chamei-o assim de lado, e vi que estava completamente bêbado; mandei que ele entrasse e fosse se deitar perto do lugar onde fica o Radiotelegrafista; decolamos, no meio do caminho veio conversar comigo, quando me contou que estava em tratamento no AA, Alcoólatras Anônimos,  e que já fazia um tempão que não bebia, mas  devido à morte da criança dentro do avião, não se conteve e bebeu sozinho a noite inteira; eu então disse a ele: olha aqui; se o Brigadeiro ficar sabendo, você é capaz até de ser expulso  da FAB; continuamos a conversar, dizendo que ia pensar no que eu ia fazer; bom, para encurtar a conversa, resolvi não reportar o caso na “Ordem de Missão”, mas iria conversar com o Comandante do Esquadrão; o caso aconteceu no sábado, e – não sei como, mas sei --  o caso chegou no mesmo dia nos ouvidos do Brigadeiro; e na Segunda, bem cedo eu já estava na sala do Comando, tentando explicar por que eu não havia pedido autorização para voltar para Jacareacanga; e por que, e aí eu vi que ele estava mesmo P. da Vida comigo, por que eu não havia reportado o caso do Sargento, na Ordem de Missão; ora, mui educadamente, mas por dento também muito puto da vida, disse: Brigadeiro, se me acontecer novamente a mesma coisa, eu faria tudo de novo; e que eu não reportei o caso do Sargento por que eu achei  que era um caso mais de compreensão que de prisão;  acho que, por essas e outras, e peço que não façam ideias erradas de mim,  eu sempre entrava no Quadro de Acesso por Antiguidade; recorria e sempre ganhava...
Coronel Maciel.

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